domingo, 1 de fevereiro de 2009

Templos e Deuses


Há muito tempo atrás, uma mulher entrou num templo e escolheu a entidade que representava a sua necessidade de cura. Sua filha estava ao lado, dirigindo suas preces para um outro ser espiritual que lhe traria um bom casamento. Na imensa estrutura, várias outras pessoas queimavam insenso e prometiam oferendas, cada uma com seu caso especializado e com um responsável por ele, no mundo alémtúmulo.

Todos, no entanto, reservavam uma reza especial para o chefe dos que eram invocados, em busca das mais variadas soluções. Tratava-se de um ser misterioso... uma tríade, um em três, três em um.

As referências dessa história verdadeira se perdem nos relatos do passado remoto, com raízes fincadas na mesopotâmia, na Índia, nas cidades-estado gregas e na Roma antiga, com seus múltiplos deuses, sempre comandados por um ou o conjunto de deidades principais.
O despertar do zoroastrismo, judaísmo, sikhsmo, Bahá'ísmo, implicou na recusa a Olimpos, campos celestes povoados por criaturas poderosas e outras criações. Foi dito: Só há um Deus. No cristianismo primordial, também se reafirmava o dogma e no Islã a mesma sentença: Só há um Ser Supremo.

Tudo bem, não é? Mas a história acima se refere não a algo que aconteceu 3 milênios atrás... ocorreu numa igreja católica, faz uns 20 anos... mas se repediu faz uns 20 minutos.

O catolicismo teve de se apropriar de elementos culturais dos lugares onde ia se desenvolvendo, a fim de adaptar as características dos seus habitantes às singularidades do judaísmo reformado. Nasceu, portanto, um novo olimpo, com deuses chamados de santos e a entidade maior composta de filho, espírito santo e pai. Claro, entre outros motivos, para poder explicar a divindade de Jesus. Sacrifícios humanos foram substituídos pelo do próprio Cristo, em carne e sangue representado pela hóstia e o vinho, tudo simbólico, mas muito real... ali estão a carne e o sangue e o fiel realmente acredita na transmutação... e come. E bebe.

Não há nada demais nisso tudo... só que um cientista não se conforma com a sentença de um padre ou pastor... ele vai a fundo e desnuda a natureza das coisas. Depois de Cristo, veio o demônio como um adversário divino... e a tudo recomeçou: DOIS DEUSES, um antagônico ao outro, pois, se Deus é puro amor, de onde vem tanto ódio?

Se formos católicos, somos politeístas, tanto e quanto o foram os gregos, os romanos e também o são os praticantes do Candomblé, que aliás não sentiram nenhum problema em associar seus deuses aos santos católicos, dada a íntima identidade das crenças. O Candomblé, ao que se sabe, foi sábio em se adaptar, para não se extinguir. Como o bambu, dobrou-se à intempérie da intolerância, mas manteve-se íntegro, no seu âmago.

Aliás, o catolicismo fez a mesma coisa. Então, que tal voltar aos primórdios das lições do Mestre dos mestres e tratar de amar ao próximo, sem lhe criticar a religião (evitando olhar para o próprio umbigo ou esquecer o próprio teto de vidro) ou buscar converter-lhe a todo custo?
Que uns respeitem aos outros. Talvez assim haja menos sangue derramado em razão de balas e bombas, por disparidade de crenças, e apenas o vinho se afigure no quanto corre em nossas veias, não importando a natureza religiosa de ritos e verdadeiras faces.

Que a paz reine em suas casas, trabalhos e almas.

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