segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Suddenly I see


Suddenly I see

De repente, ela aparece no Jô, toda linda, toda maravilhosa e de repente eu a vejo. KT Tunstall, cantora e guitarrista escocesa, dizendo bem alto: Para o inferno de onde eu venho, pois o que importa é que sou boa.

E assim são bons Caetano, Gil e Frank Sinatra, não importa se vivos ou mortos, até hoje eu choro (mesmo) ouvindo uma certa canção do Sinatra... ela simplesmente está lá e me faz lembrar não sei o que, no meu passado, quando aliás nem dava a mínima bola ao que cantava o sujeito de olhos azuis. Caetano canta um bolero antigo, falando da mulher amada, acho que talvez com mais emoção do que a voz que originalmente o interpretou.

O mundo fica mais lindo, mais avançado, mais mais mais, quando a gente apaga a nacionalidade do talento e se apega apenas ao talento. O cientista genial descobre algo que muda a nossa vida para sempre. O político, bom administrador, facilita a nossa vida. A menina bonita que passa na rua e sorri para nós. Uma vez foi assim... um dia inteiro alegre por causa de um sorriso. Eu não sabia de onde ela era. Não sabia a sua idade (era muuiiitoo jovem), mas tinha um inconfundível talento para sorrir e fazer felizes pessoas à sua volta. Seu sorriso habitou minhas horas e lembro dele. Embora não saiba mais como desenhar seus olhos, seu nariz, seus cabelos. Só lembro que aquele sorriso, que veio não sei de que país, inundou meus momentos e tornou especial a estadia naquele hotel. O mundo está cada vez menos brasileiro (ou americano, ou holandês, sudanês ou russo) e cada vez mais mundo. Aliás, sempre foi assim, só que agora está mais evidente. Quantos falam, do passado, ensinando coisas que fazem muito sentido no presente? Confúcio, Buda, Gandhi, Jesus, Einstein, Maomé, Spinoza: Suddenly I see.

Aprendi, outro dia, a passar e dobrar uma camisa social com um japonês bem-vestido, num vídeo do Youtube, e o cara ensinava melhor na língua dele do que um outro, em inglês. Quer dizer, ele era um talento como professor. Em sua homenagem, hoje, fui trabalhar com uma camisa bem-passada. Por mim.

Mas, como o mestre japonês que só apareceu no You Tube para facilitar a minha vida e a menina do sorriso encantador, que sumiu e provavelmente jamais será vista de novo, suddenly I keep seeing people who are good to me (de repente continuo vendo e entendendoo gente que é boa para mim).

segunda-feira, 21 de abril de 2008

É proibido fotografar

Todo mundo que me conhece sabe que adoro fotografar... mas nem sempre posso fazer isso. Trabalho no Tribunal, o lugar mais sem graça no mundo para se fotografar, embora, com arte, se possa extrair muito de lugares aborrecidos. Não que o trabalho lá seja chato... muito pelo contrário. Ali há conflitos e nada mais interessante, para se adentrar no âmago do ser humano, que uma briguinha, ou brigona, sobre assuntos como: Liberdade, Patrimônio, Honra etc. Tudo com letra maiúscula, para dar bem a dimensão do que é realmente importante. No fim, o Judiciário é um processador de conflitos, para que eles não sejam tratados pessoalmente, ou seja, no tiro, na faca, no veneno.

Bem... voltando às fotos, é muito estranho que em certos locais não se possa usar de câmeras, quando sabemos que esses locais são tão públicos quanto jardins ou estradas... tudo pago com nosso dinheiro, certo? Certíssimo. Mas... não soa estranho ser necessário uma “autorização” para fotografar, quando aquilo ali é nosso? O que há de tão secreto nos corredores da justiça que não pode ser registrado? E também não é tão ridículo essa proibição, quando se sabe que TUDO pode ser retratado, gravado, documentado hoje, com os microfones e câmeras diminutos, que a tecnologia produz, todos os dias?

Talvez seja o medo de câmeras grandes (a minha nem tão grande assim, é, embora cause uma certa admiração pelos que não são muito afeitos ao mundo da fotografia). De qualquer maneira, fica aqui a minha estranheza... o que significa, então, o art. 37 da Constituição, que diz ser obrigatório, no âmbito oficial, a transparência no serviço público e a possibilidade dos cidadãos verificar como SEU DINHEIRO está sendo gasto? Olhe bem... não estou dizendo que eu deseje tirar fotos de GENTE... gente (mesmo autoridades) tem direito a uma certa privacidade e não pode, realmente, ser filmada e fotografada o tempo inteiro... só durante entrevistas (é assim que penso... todo mundo tem direito a sossego e o assédio dos papparazzi é o fim da picada).

Deve-se respeitar o direito de se por, de vez em quando, o dedo no nariz, o direito de arrotar, de soltar um pum, o direito de bocejar. Não se pode, também, incomodar pessoas com perguntas insistentes, mal-educadas e inconvenientes, expondo ao ridículo autoridades e artistas, como se faz em programas ditos “informativos”.

Mas não ser possível fotografar paredes, corredores, plantas, escadas, elevadores... por favor! Se tudo continuar assim, vamos cada vez mais ser considerados a pátria do exagero e estátuas em parques não vão mais poder ser capturadas por câmeras; vão proibir que se fotografe obras de arte (tem museu aí já fazendo isso, ao pretexto de que os flashes prejudicam as pinturas) até o dia em que o simples olhar para um busto de um general do século XIX possa ser encarado de maneira suspeita...

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Homofobia e outros preconceitos

Escrevo a respeito de um artigo que li, ao acaso, na Internet. O Autor sustenta que o homossexualismo (que considera abominável e imoral) sempre foi objeto de repúdio, inclusive na Grécia antiga. O volume de informações é enorme... muita coisa falando do comportamento homossexual na antiguidade (entre as quais um artigo numa revista de história, que está nas bancas).

A pergunta, no entanto, racional é: faz sentido perseguir quem opta por este ou aquele caminho, desde que seja algo também aceito e praticado pelo parceiro? Uma amiga tem inquilinos gays, um casal de rapazes. Afora um sonzinho alto, não incomodam ninguém.

Conheço outro homossexual que presidiu uma organização e sua administração foi considerada um modelo a ser seguido. Já tive amigos heteros que eram o que há de pior em desonestidade, o que foi descoberto posteriormente. O que penso é que a vida do outro é problema do outro, e só passa a ser nosso problema se houver uma invasão em nossas existências, como que obrigando-nos a fazer o que não queremos, sem que haja uma lei que permita isso. Acho que o mesmo deve ser dedicado aou próximo. Se ele for judeu, problema ou virtude dele. Se for Iraquiano, negro, oriental, mulher, idem... se for gay, não tenho nada a ver com isso. Só não pode ser cruel, nem fazer o mal a quem quer que seja. Fazer o mal é roubar, trair (no sentido de contar um segredo a um inimigo), mentir, matar, ferir, entre outras obviedades. Se fulano quer se vestir de mulher, não tenho nada a ver com isso. Se quer se casar com outra pessoa do mesmo sexo, também não tenho nada a ver com isso.

Crianças abandonadas à própria sorte é que é uma imoralidade terrível. Velhos abandonados, morrendo nas ruas de frio, é que deveria suscitar nossa indignação. Minas espalhadas pelos solos de países em guerra, aleijando e matando pessoas, é que deveria ser o objeto de nossa preocupação. Agora, se o cara trabalha, é honesto, paga os impostos direitinho pode fazer o que quiser entre quatro paredes (menos explodir o prédio). Se respeita o limite da lei, e somente da lei (e essa lei há de ser constitucional e consentânea com os princípios dos direitos humanos).

Pouco importa o que aconteceu na Grécia ou algum mandamento louco contido num livro religioso, cujas determinações são permanentemente relativizadas e esquecidas... ou alguém que seja cristão se acha, ainda, obrigado a circuncidar-se ou a não comer carne de porco ou a atirar pedras em adúlteras? O homem evolui... livra-se de preconceitos, regras irracionais, posicionamentos sem qualquer base científica ou, pelos costumes atuais, morais. Amar ao próximo como a si mesmo, deveria ser a regra... e isso significa aceitar o próximo como ele é, no contexto em que estiver.

Essa é a maneira moderna (atual) de pensar. Outros posicionamentos são ou muito avançados ou baseados em inverdades históricas, fruto de ilações desprovidas de qualquer base real. Quero um mundo de paz para meus filhos. Não um mundo de ódio e incompreensão, que gera guerras, sofrimento e morte.